Capítulo XVI
Resolvera comprar um computador. Era a primeira vez que sentia uma grande necessidade de ter um. Sempre preferiu ocupar seu tempo livre com livros, mas agora que estava tão longe de casa novamente, achou por bem manter-se conectada com as pessoas do Brasil.
Sentia saudades da irmã e do pai, e certamente a comunicação com eles se tornaria mais fácil, dinâmica e barata através da internet.
Recorreu à velha agenda de endereços e adicionou alguns amigos a seu perfil num programa de bate-papo. Conferiu sua caixa de correio eletrônico, havia centenas de mensagens não lidas. Uma em especial chamou-lhe à atenção. Datava do final de janeiro, poucos dias após sua chegada à Espanha. Era do Homem Sem Tempo. Contava o quanto havia ficado satisfeito com o encontro que tiveram na sorveteria, o quanto apreciava sua conversa inteligente e bem humorada, e pedia que continuassem mantendo contato. Finalizava o e-mail com “um forte e carinhoso abraço”. Provavelmente igual ao que lhe dera na despedida. Sentiu uma saudade imensa apertar-lhe o peito.
Apesar do tempo e da distância, não conseguia esquecê-lo, sentia-se como se estivesse deixado escapar o amor de sua vida. Provavelmente só ele teria a cura para aquela sensação de perda do que não fora seu, aquela saudade de algo que nunca tivera.
Entrou no site de bate papo e adicionou-o, mas não conseguiu encontrá-lo on line naquela tarde, apesar disso, não desistiu de procurá-lo. Andava para todos os lados com seu lap top à tiracolo e conectava-se à internet aonde quer que fosse.
Entrou no site de bate papo um pouco antes da meia noite, no Brasil seriam quase dezenove horas. Era um bom momento para falar com a irmã, ter notícias dela e saber da saúde de seu pai.
Havia muitas pessoas on line, menos sua irmã.
Estava prestes a desconectar-se, quando, para sua total surpresa, o Homem Sem Tempo entrou, e não demorou para que uma caixa de mensagem laranja começasse a piscar insistentemente.
To be continued